Os risos e as luzes se projetam pela via pública. Noite de verão, faz um calor muito a propósito, o céu está claro e, como sempre em São Paulo, sem estrelas. Alguns helicópteros, talvez, e satélites e aviões, mas sem qualquer lua. Os prédios nessa altura da Teodoro já são esparsos, e a imensidão da capital paulista, em sua infinita massa concreta, se revela no sentido da av. Paulista. É uma bela noite, essa de São Paulo, mesmo que não tenha mar, que não tenha estrelas, mesmo sendo só cidade e barulho, ainda assim alguma calma consegue pôr o nariz para fora na noite de sábado... as ruas já não têm tanto barulho... a Teodoro tem alguma calma, mesmo a festinha infantil já tendo ficado para trás. Sigo adiante, não tenho pressa mas isso não significa necessariamente que tenha tempo. Preciso ir para casa, todos estão indo para algum lugar, principalmente os automóveis.
Daqui há algumas horas haverá um engarrafamento.
Mas por enquanto a calma impera, ao menos na rua de minha casa. Talvez seja calma só por ser de minha casa, assim como toda beleza. Mesmo o prédio mais horroroso de todos, com uma galeria de móveis por debaixo, fechada, e com uma péssima vitrine, consegue ganhar qualquer beleza só por ser a marca de minha rua nos céus, na vista pública. E isso porque tem uns 20 andares, é grotesco, meio amarelo, como é possível? E mesmo a Teodoro, imunda, rangendo ainda umas buzinas e sons de carro, como consegue ter ainda algum tipo de beleza?
É curioso... é apenas o caminho de casa, e prossigo.
"Os risos e as luzes se projetam pela via pública". Prosa de alto nível. "(...) a Teodoro, imunda, rangendo ainda umas buzinas (...)" Tu anda escrevendo bem demais, rapaz! Abraço.
ResponderExcluir